tero indica

Conheça a exposição “O tempo presente e a antiutopia” do artista Rubens de Souza

No ano em que a Semana de Arte Moderna de São Paulo completou 100 anos e celebramos o Bicentenário da Independência, a tero indica uma exposição que nos faz refletir sobre o tempo presente, sobre concepções como escravidão e liberdade. Um tempo marcado, como destaca o artista Rubens de Souza “pela violência, intolerância, desumanização, preconceito, xenofobia, transfobia predominância de estereótipo, segregação, inimizade e extermínio”.

Se por um lado a Semana de 22 provoca uma reflexão sobre o elitismo e o conservadorismo daqueles tempos, e sua implicações para a construção de uma “identidade nacional” (com desdobramentos já nos anos 40), por outro, o movimento proposto por Rubens é o de investigar e refletir sobre “a decolonialidade no Brasil e as práticas hegemônicas que ampliam pensamentos e ações, em diferentes segmentos sociais, como no setor econômico, social, cultural e religioso”. E reforça que o pensamento decolonial “revigora o conhecimento e o reconhecimento dos protagonistas que mantêm a riqueza das elites e da burguesia brasileira, na estrutura neoliberal, conservadora e excludente”.

Ao explorar a gargalheira, espécie de instrumento de ferro ou madeira para sujeitar homens e mulheres escravizados, Rubens enfatiza as correntes políticas, procedimentos, intenções que “forjam a verdade e sufocam o real significado de utopia”, prendendo os trabalhadores e trabalhadoras “nas correntes do empobrecimento”.

Nesse sentido, o artista apresenta em suas obras uma reflexão sobre a naturalização do processo de uberização (muitas vezes vinculado à “liberdade” de atuação), a denúncia das perversas condições de trabalho, bem como a exploração do trabalho infantil. Além disso, os trabalhos do artista relacionam esse processo de precarização às questões raciais, uma vez que os negros, em especial os jovens, têm na ‘uberização’ do trabalho uma das poucas alternativas para manutenção da vida.

Daniel Teixeira, diretor executivo do Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) em entrevista para o site Alma Preta, afirma que: “Não por coincidência, historicamente, a mão de obra negra passou a ser considerada não qualificada quando o trabalho no país passou a ser livre e assalariado. Isso gera efeitos até hoje nas formas contemporâneas de discriminação no mercado de trabalho”.

Rubens de Souza afirma que ao mencionar a ANTIUTOPIA, não está se referindo ao “inatingível, ao contrário, o que necessita conhecimento da realidade, para diferentes formas de projetar algo que não está ‘acabado – determinado’, mas algo que é inconclusivo e que nos faz agentes e pertencentes a essa história, ao tempo presente”.

Rubens de Souza é artista visual, professor e pesquisador, reside em São Paulo. Mestre em Educação. Licenciado em Artes Plásticas, foi também diretor sócio da Artimagem Publicidade e Propaganda. Atualmente coordena o curso de Artes Visuais da Universidade Metropolitana de Santos, além de elaborar expressões artísticas em técnicas diversificadas.

Arte de Rubens de Souza
Empreendedorismo improvável 2. Técnica Mista. Dimensão com moldura: 50,0 X 38,0 cm Descrição: Linoleogravura, colagem e aquarela s/ papel Montval Torchon 300 gramas, sobreposição de acrílica s/ vidro. 2020.
Arte de Rubens de Souza
Empreendedorismo improvável 3. Técnica Mista. Dimensão com moldura: 54,0 X 43,0 cm Descrição: Linoleogravura, colagem e aquarela s/ papel Montval Torchon 300 gramas, sobreposição de acrílica s/ vidro. 2020

Outras obras do artista estão em exposição até o final do mês de março no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e Autárquicos de São Bernardo do Campo, Rua Caetano Zanela, 90, Centro/SBC.